Teerã (EFE).- As autoridades do Irã planejam abrir uma clínica em Teerã para prestar apoio de “maneira científica e psicológica” às mulheres que se sentem pressionadas a não usar o objrigatório véu islâmico, uma vestimenta que caiu em desuso no país como uma forma de desobediência civil desde a morte de Mahsa Amini em 2022.
A ‘Clínica de Reabilitação Hijab’ oferecerá “tratamento científico e psicológico” a adolescentes e jovens que “buscam uma identidade social e islâmica”, disse o chefe do departamento de mulheres e família do Centro para Ordenar o Bem e Proibir o Mal, Mehri Talebi-Darestani, informou nesta quarta-feira o jornal “Etemad”.
O centro procura “fornecer serviços psicológicos, de aconselhamento e de apoio às pessoas que desejam observar o hijab e que podem ter enfrentado desafios neste campo devido a pressões sociais”, segundo Talebi-Darestani.
A fonte indicou que a abertura da primeira clínica deste tipo no país se deve ao pedido de “famílias, mulheres e meninas de Teerã” que se sentem “sob pressão para deixarem de usar o hijab”, peça de vestuário exigida por lei no país islâmico.
“As sessões de aconselhamento e apoio psicológico serão realizadas nesta clínica de forma totalmente confidencial, de acordo com a decisão da paciente e em um ambiente sem julgamentos, para que as mulheres possam expressar suas preocupações e problemas com confiança e total segurança mental”, disse Talebi-Darestani.
O anúncio da nova clínica surge após uma jovem ter sido presa no início deste mês por se despir apenas de roupa interior em uma universidade de Teerã, em uma ação que foi considerada um ato de protesto após supostamente ter tido um problema com a segurança do local por causa do véu.
O governo iraniano, por seu lado, afirmou que a jovem sofre “problemas” e garantiu que não considera o acontecimento uma questão de segurança, mas sim social.
Muitas mulheres iranianas deixaram de usar o véu como um gesto de desobediência civil desde a morte de Amini em setembro de 2022, após ter sido detida pela Polícia da Moral por não usar o véu islâmico, e cuja morte provocou fortes protestos.
Desde então, as autoridades iranianas têm tentado reimpor o uso do véu com punições como o confisco de veículos ou o regresso às ruas da Polícia da Moral.
O Parlamento aprovou uma lei em 2023 que foi ratificada em setembro pelo Conselho dos Guardiões – órgão que veta a legislação – e deve agora ser promulgada pelo presidente iraniano, o reformista Masoud Pezeshkian.
A lei estabelece punições para mulheres que violam o rígido código de vestimenta do país, com penas de prisão de até cinco anos em caso de reincidência, multas de até US$ 2 mil, confisco de carros e proibição de dirigir, bem como deduções de salário ou benefícios trabalhistas ou a proibição de viajar. EFE